Ainda hoje, crianças e adolescentes continuam sendo vítimas daquilo que deveria ser seu porto seguro. São histórias que se repetem, silenciadas entre paredes que escondem lágrimas, gritos e medos. Uma realidade triste.
Em 2024, a UNICEF publicou um dado em que mais de 15 mil crianças e adolescentes foram violentadas e perderam a vida no Brasil nos últimos três anos. A maioria desses casos ocorrem dentro de casa. A violência está também nas palavras duras que, muitas vezes, passam despercebidas:
“Fica quieto, moleque.”
“Engole o choro.”
“Cala a sua boca.”
“Aguenta firme.”
“Não te perguntei nada.”
“Eu te bato porque te amo.”
“Você é uma praga.”
Quantas dessas frases você já ouviu? Talvez tenha escutado na infância. Talvez ainda ouça hoje, dirigidas a alguém que você ama. O problema é que não se trata apenas de palavras. São feridas que se instalam na alma, silenciosas, persistentes.
A criança precisa ser educada com amor, amar e ser amada. Bater não é amar. Gritar não é amar. Humilhar, muito menos. Existem milhares de crianças sendo agredidas todos os dias por aqueles que deveriam ser seus exemplos, seus herois. Pais, responsáveis, pessoas próximas… A dor vem, muitas vezes, de onde mais deveria vir o acolhimento.
Então, precisamos parar e nos perguntar: o que está acontecendo dentro da nossa casa? Existe diálogo? Limites? Respeito? Dignidade? Ou apenas medo?
Bater em seu filho, enteado ou seu irmão, por exemplo. Pode tornar o agressor de amanhã. Não crie traumas — crie memórias. Que sua casa seja um abrigo e não uma prisão. Sente-se com seu filho, olhe nos olhos dele, pergunte com interesse genuíno: “O que houve hoje?” Se algo estiver errado, ensine. Com calma. Com firmeza, mas sem violência.
A criança precisa errar para aprender. Precisa ser ouvida, compreendida e respeitada. Reserve um tempo para brincar, conversar, descobrir o que se passa dentro daquele pequeno coração. Educar não é fácil. Exige paciência, equilíbrio, doação. Mas amar é isso: ajudar o outro a crescer sem medo. Disciplina com afeto, limite com amor, correção com empatia.
E você? Já enfrentou algum trauma na sua infância? Como lidou com isso? A cura começa quando deixamos de silenciar a dor. Fale, escreva, compartilhe. Quebrar o silêncio também é um ato de amor.